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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Grey Gardens – À espera de uma segunda chance

Assisti por indicação de uma amiga de Fortaleza (CE), Tarsila Furtado, a produção da HBO FilmsGrey Gardens” (Grey Gardens. EUA, colorido, 106’. 2009). O telefilme retrata 40 anos de decadência de Edith Baele, mãe e filha homônimas, também conhecidas como “Big Edie” e “Little Edie”, interpretadas por Jessica Lange (mãe) e Drew Barrymore (filha). Baseado no documentário de 1975 (ponto de partida desta produção), vemos a história de 40 anos de decadência das duas socialites fracassadas que vivem numa mansão coberta de lixo, invadida por árvores, infiltrações, restos de comidas, dezenas de gatos e guaxinins e ordem de despejo, em East Hampton, comunidade dos abastados em Long Island (NY, EUA).


cartaz do telefime - clique aqui para ver o trailer

O filme começa com a chegada de dois cineastas levados ao lugar após ambas aparecerem estampadas nos jornais e revistas como imagem da decadência da elite norte americana - notícia que tomou proporções nacionais por serem tia e prima em primeiro grau de Jackie O., eterna primeira dama Jacqueline Kennedy e ícone da elegância e beleza dos anos 60/70.
cartaz do documentário - clique aqui para assistir o trailer

O trabalho de reconstituição de quatro décadas é fantástico – figurino idem aos originais, espantosamente similares à fase retratada no filme dos irmãos Albert e David Maysles no documentário, e maquiagem deixam qualquer um encantado principalmente se você já tiver assistido ao documentário (eu tenho ambos). Drew Barrymore merece atenção especial que justifica todas as premiações recebidas pelo papel e isso inclui: melhor atriz em minissérie ou filme no Emmy (2009), Globo de Ouro (2010) e Screen Actors Guild Awards (2010).
"Little Edie"

Drew Barrymore encarnando a socialite no auge de sua carreira de modelo

O drama familiar é envolto pela miséria e marasmo na qual as “pobres meninas ricas” vivem (“Big Edie” presa ao glamour do passado e “Little Edie” presa à mãe e também a sua esquizofrenia), e vale um questionamento final: em que época estamos presos? Somos cativos de nós mesmo esperando que o mundo nos reconheça ou mude pra nos entender? Sendo bem realista, eu não acredito nisso, enfim. Mova-se e tudo em sua volta moverá. E deixando a moral da história de lado, fica a dica! (particularmente aos Diretores de Arte e Figurinistas).
"Little Edie" dançando na cena do documetário que é ponto de partida para o telefime da HBO

"Big Edie" e "Little Edie" em cena do doc. dos irmão Maysles

Mas, “Grey Gardens” está neste post por outro motivo: moda, óbvio! “Little Edie” se vestia misturando pedaços de pano, peças de roupa, indefectíveis lenços e blusas amarradas à cabeça e adornados por um belo broche de ouro, fato que inspirou John Galliano (polêmicas a parte, um grande criador!) na coleção prêt-à-porter Primavera/Verão de 2008. Detalhe: o lenço na cabeça é pelo fato dela ser careca precocemente devido às crises de stress. A singularidade da ex-modelo, aspirante à atriz e fashionista em estar sempre pronta esperando que sua estrela fosse redescoberta criou um estilo baseado na transformação e reutilização de maneira incomum de blusas (que viravam lenços e saias), o que contemporaneamente pode ser entendido como os nossos “vintage” e customização.
John Galliano - SS 08

Veja partes deste desfile - clique aqui

Como diz o cartaz da HBO: “true glamour never fades”, vamos ao que o jardim nos deixou de delícias em termos de imagens. Boa sessão e até a próxima!


Drew Barrymore e Jessica Lange

Ainda nos tempos áureos de modelo

A elegância de "Little Edie"

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